Saudade e comoção marcam o velório do grande dramaturgo Ariano
Suassuana. Familiares, amigos, figuras públicas e muitos fãs prestam a última
homenagem ao escritor. Uma missa de
corpo presente foi celebrada pelo Arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando
Saburido.
Uma das últimas apresentações do
dramaturgo foi na última sexta-feira (18) no teatro Alfredo Leite Cavalcante,
em Garanhuns, na programação do 24° Festival de Inverno.
O sepultamento de Ariano Suassuna está previsto para as 16h desta quinta-feira
(24) no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, Grande Recife. O velório acontece no Palácio do Campo das Princesas, no
Centro do Recife, desde a noite de ontem (23).
Ariano morreu às 17h15 da quarta (23), vítima de uma parada cardíaca.
Ele estava internado desde a noite de segunda (21) no Hospital Português, onde
foi submetido a uma cirurgia na mesma noite após sofrer um acidente vascular
cerebral (AVC) hemorrágico.
De acordo com o boletim
médico, o escritor teve uma parada cardíaca provocada pela hipertensão
intracraniana.
Comentário: Perder nunca é uma tarefa fácil. Ainda mais em se tratando de Ariano Suassuna. Me parece que os céus estão pedindo de volta os seus anjos mais brilhantes. Estamos cada vez mais ficando órfãos. Órfãos de cultura! Criaturas insubstituíveis que irão fazer falta nesse mundo tão raso em que vivemos. As palavras faltam para expressar a dor da perda. Como diria o próprio Ariano "a tarefa de viver é dura, mas fascinante". E assim foi ele fascinante. E termino dizendo uma das frases mais conhecidas de seus tão deslumbrantes personagens. "Só sei que foi assim".
Biografia : Ariano Vilar Suassuna nasceu em Nossa Senhora das
Neves, hoje João Pessoa (PB), no dia 16 de junho de 1927, filho de Cássia Vilar
e João Suassuna. No ano seguinte, seu pai deixa o
governo da Paraíba e a família passa a morar no Sertão,
na Fazenda Acauã, em Aparecida, Paraíba.
Com a Revolução de 1930, seu pai foi assassinado por
motivos políticos no Rio de Janeiro e a família mudou-se para
Taperoá, onde morou de 1933 a 1937. Nessa cidade, Ariano fez seus primeiros
estudos e assistiu pela primeira vez a uma peça de mamulengos e a um desafio de
viola, cujo caráter de “improvisação” seria uma das marcas registradas também
da sua produção teatral.
A partir de 1942 passou a viver no Recife, onde
terminou, em 1945, os estudos secundários no Ginásio Pernambucano, no Colégio
Americano Batista e no Colégio Osvaldo Cruz. No ano seguinte iniciou a
Faculdade de Direito, onde conheceu Hermilo Borba Filho. E, junto com ele,
fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco. Em 1947, escreveu sua primeira
peça, Uma Mulher Vestida de Sol. Em 1948, sua peça Cantam as Harpas de Sião (ou
O Desertor de Princesa) foi montada pelo Teatro do Estudante de Pernambuco. Os
Homens de Barro foi montada no ano seguinte.
Em 1950, formou-se na Faculdade de Direito e
recebeu o Prêmio Martins Pena pelo Auto de João da Cruz. Para curar-se de doença
pulmonar, viu-se obrigado a mudar-se de novo para Taperoá. Lá escreveu e montou
a peça Torturas de um Coração em 1951. Em 1952, volta a residir em Recife.
Deste ano a 1956, dedicou-se à advocacia, sem abandonar, porém, a atividade
teatral. São desta época O Castigo da Soberba (1953), O Rico Avarento (1954) e
o Auto da Compadecida (1955), peça que o projetou em todo o país e que seria
considerada, em 1962, por Sábato Magaldi “o texto mais popular do moderno
teatro brasileiro”.
Em 1956, abandonou a advocacia para tornar-se
professor de Estética na Universidade Federal de Pernambuco. No ano seguinte
foi encenada a sua peça O Casamento Suspeitoso, em São Paulo, pela Cia. Sérgio
Cardoso, e O Santo e a Porca; em 1958, foi encenada a sua peça O Homem da Vaca
e o Poder da Fortuna; em 1959, A Pena e a Lei, premiada dez anos depois no
Festival Latino-Americano de Teatro.
Em 1959, em companhia de Hermilo Borba Filho,
fundou o Teatro Popular do Nordeste, que montou em seguida a Farsa da Boa
Preguiça (1960) e A Caseira e a Catarina (1962). No início dos anos 60,
interrompeu sua bem-sucedida carreira de dramaturgo para dedicar-se às aulas de
Estética na UFPE. Ali, em 1976, defende a tese de livre-docência A Onça
Castanha e a Ilha Brasil: Uma Reflexão sobre a Cultura Brasileira. Aposenta-se
como professor em 1994.
Membro fundador do Conselho Federal de Cultura
(1967); nomeado, pelo Reitor Murilo Guimarães, diretor do Departamento de
Extensão Cultural da UFPE (1969). Ligado diretamente à cultura, iniciou em
1970, em Recife, o “Movimento Armorial”, interessado no desenvolvimento e no
conhecimento das formas de expressão populares tradicionais. Convocou nomes
expressivos da música para procurarem uma música erudita nordestina que viesse
juntar-se ao movimento, lançado em Recife, em 18 de outubro de 1970, com o
concerto “Três Séculos de Música Nordestina – do Barroco ao Armorial” e com uma
exposição de gravura, pintura e escultura. Secretário de Cultura do Estado de
Pernambuco, no Governo Miguel Arraes (1994-1998).
Entre 1958-79, dedicou-se também à prosa de ficção,
publicando o Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta
(1971) e História d’O Rei Degolado nas Caatingas do Sertão / Ao Sol da Onça
Caetana (1976), classificados por ele de “romance armorial-popular brasileiro”.
Ariano Suassuna construiu em São José do Belmonte, onde ocorre a
cavalgada inspirada no Romance d’A Pedra do Reino, um santuário ao ar livre,
constituído de 16 esculturas de pedra, com 3,50 m de altura cada, dispostas em
círculo, representando o sagrado e o profano. As três primeiras são imagens de
Jesus Cristo, Nossa Senhora e São José, o padroeiro do município.
Membro da Academia Paraibana de Letras e Doutor Honoris
Causa da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (2000).
Em 2004, com o apoio da ABL, a Trinca Filmes
produziu um documentário intitulado O Sertão: Mundo de Ariano Suassuna,
dirigido por Douglas Machado e que foi exibido na Sala José de Alencar.
Ariano Suassuna, durante evento pró-eqüidade degênero e diversidade, em Brasília,
2007.
Em 2002, Ariano Suassuna foi tema de enredo no
carnaval carioca na escola de samba Império
Serrano; em 2008, foi novamente tema de enredo, desta vez da escola
de samba Mancha Verde no carnaval paulista. Em 2013
sua mais famosa obra, o Auto da Compadecida será o tema da escola
de samba Pérola Negra em São Paulo.
Em 2006, foi concedido título de doutor honoris causa pela Universidade Federal do Ceará, mas que
veio a ser entregue apenas em 10 de junho de 2010, às vésperas de completar 83
anos. "Podia até parecer que não queria receber a honraria, mas era
problemas de agenda", afirmou Ariano, referindo-se ao tempo entre a
concessão e o recebimento do título.3
Durante o mandato de Eduardo
Campos, Ariano foi Assessoria Especial do Governo de Pernambuco, até abril de 2014.
Ariano Suassuna era torcedor fanático do Sport Club do Recife.
Fonte: Wikipédia
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