quarta-feira, 26 de março de 2014

A DOR QUE DÓI NO MUNDO É UMA JANELA ONDE ME ENXERGO

Ouvir a seguinte frase me deixou inquieta e preocupada: “Já estou acostumado com a violência!” . Essa frase me trouxe diversos questionamentos. Como se acostumar e se habituar a ver tantas cenas violentas? Todos os dias somos bombardeados com informações de crimes cada vez mais desumanos. Requintes de crueldade que chocam a população. Mas não surpreendem mais. Será que nos acostumamos com o que há de mais precário no (ser) humano? Ou simplesmente fechamos os olhos e continuamos o cotidiano de nossas vidas?

Exibição de mães que matam seus filhos. Como o caso daquela mãe francesa que matou oito bebês. Mas, provavelmente só irá responder na justiça pela morte de dois, dos oito filhos que ela teria assassinado. Isso porque já teriam se passado dez anos da morte das outras seis vítimas. Impunidade. E é esta impunidade que gera cada vez mais a violência. Relatos de crianças abandonadas em latas de lixo, em rios, se tornaram comuns nas noticias diárias.

 Pais que abusam das filhas. Roubam a inocência. Inocência que não volta mais. Uma infância interrompida. O referencial de proteção aqui é destruído. Uma vida que será marcada pela dor e traumas, que dificilmente serão superados na vida adulta. Contudo, tudo isso vai parecendo normal. Acho por ter se tornado corriqueiro. Mas, não era para ser assim. É quando achamos tudo normal, é quando fingimos que não estamos vendo, é quando não é com a gente, que tudo isso passa despercebido pela rotina da vida. Entretanto, se sentíssemos na pele essa dor que envolve o mundo. Será que agiríamos diferente? Teríamos coragem de seguir adiante como se nada tivesse acontecido? Acho que não. Creio que não. Torço para que não.

“A dor que dói no outro é uma janela de onde eu me enxergo. É como se por um instante fosse quebrada a nossa capacidade de diferenciação” (Texto extraído do livro Cartas Entre Amigos). É a partir desse pensamento que devemos agir. É vendo no outro a nos mesmo. Esse é o primeiro passo. É a partir da compaixão que podemos nos unir e tornar o mundo diferente. Esse não é um pensamento romancista. É uma convicção. De acreditar que tudo na vida é mutável. De que essas cenas de violência noticiadas podem ser substituídas por cenas de solidariedade. É assim teremos prazer de sentar em frente a uma televisão ou folhear nosso jornal é nos depararmos com o que há de melhor: o (ser) humano livre das atrocidades do mundo.


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